Desde os primórdios que vivemos rodeados de floresta, onde a Mãe Natureza nos disponibiliza tudo o que precisamos: alimento, proteção, saúde, educação, conexão e espiritualidade. Aprendemos a conhecer cada planta (da semente ao fruto) e o seu potencial e versatilidade. Por outro lado, também aprendemos a conhecer as que são tóxicas e venenosas ou as que com elas potenciam pragas e doenças para os cultivos. Ora, esta experiência de comunhão e osmose com o nosso meio, faz de nós também o meio em si.
É intrínseco o nosso ADN de origem ligado ao meio natural. O interesse em visitar cada vez mais espaços naturais, terapias naturalistas, retiros na natureza, modos de vida alternativos e longe das cidades, tem aumentado, e não é por acaso. Precisamos de silêncio e de respirar.
É com esta premissa que nasce a vontade de trazer a Natureza para dentro de casa, para tomarmos contacto com esta conexão visceral.
Ao nos rodearmos nos nossos espaços destes seres maravilhosos que são as plantas, para além de os tornar mais bonitos, atrativos e cheios de vivacidade, estamos também a trazer um pouco desta forma de estar, mesmo que inconscientemente.
A importância, ou necessidade da presença das plantas nas nossas vidas é muito mais abrangente e profunda do que se possa imaginar. Muitas vezes o ato de comprar uma planta é muito impulsivo e superficial e fazemo-lo porque “achamos giro ter uma planta”. Mas, ter uma planta, pode também ser uma porta para um mundo incrivelmente profundo e acessível para qualquer um se apaixonar.
Para os mais estéticos e amantes da decoração, as plantas têm uma grande vantagem: ficam bem em qualquer espaço: clássico, vintage, minimalista, moderno, romântico, excêntrico, futurista…nunca destoa! Assim como a sua cor: o verde. Incrivelmente é a cor que o nosso olho tem mais capacidade ótica para reconhecer mais tonalidades; este fenómeno deve-se precisamente pelas nossas vivências ancestrais de necessidade de reconhecimento da flora. É por isso a cor verde, nas plantas, uma cor neutra. O nosso cérebro não a interpreta como verde mas antes como uma cor integrante que não faz ruído. Daí também, conseguirmos conjugar plantas em qualquer tipo de cenário e decoração, seja quais forem as cores que predominam. |  |
Para os cuidadores, que gostam de se sentir úteis, é uma ótima experiência para plant sitting. Ter um ser vivo ao nosso cuidado pode ser encantador! Cultiva-se uma relação de cooperação e também de conhecimento e autoconhecimento muito grande. Vê-las desenvolver, crescer, sentir as mãos na terra, comunicar com elas, perceber as suas necessidades e podermos contribuir para este processo traz sem dúvida um sentimento de felicidade e de valorização pessoal, pois desenvolvemos muito a nossa intuição e poder de observação.
Para os céticos, que acham que ter ou não ter uma planta é igual, é uma ótima oportunidade para começarem a testar a qualidade do ar de um espaço antes e após a presença de plantas. A NASA tem vários estudos sobre esta temática de qualidade do ar em espaços fechados de trabalho onde evidenciam o grande potencial dos processos químicos das plantas, de absorção de toxinas, dióxido de carbono...e como a planta aproveita estas matérias para seu benefício. Funcionam como um filtro de purificação de ar! Por exemplo, a Sansevieria (ou Espada de São Jorge).
 | Para os “traumatizados” com plantas porque “as matam todas”, a ideia de ter uma planta pode ser muito stressante e frustrante. Mas calma, há esperança! Mesmo especialistas em botânica matam plantas e, com certeza, tiveram que passar por muitos erros para chegarem à mestria. Isto para dizer, que por muito conhecimento científico que se tenha, há sempre alguma coisa que sai do nosso controle, e é bom que assim seja. Para além disso, é bom lembrar: nenhuma planta dura para sempre. Comecem por comprar uma planta difícil de matar (lembrar que plantas artificiais não são plantas!), que exijam pouca rega e sejam versáteis quanto à luminosidade. É importante lembrar que a maior parte das plantas morre porque se rega demasiado! O que é caso para dizer: Respirem fundo e deixem as plantas sossegadas no seu cantinho! Quando elas precisarem de algo, as próprias o dirão. Cultivem a observação. Dica para ter a primeira planta: por exemplo, a Zamioculca (ou Zizi). |
Ao incluirmos plantas nos nossos espaços estamos também a espelhar para dentro de nós todo este cultivo de bem-estar físico e mental. Principalmente no trabalho, onde não é o nosso habitat e onde passamos muitas horas, a presença destes seres fazem-nos sentir mais acolhidos, mais calmos, tranquilos e consequentemente mais confiantes e focados e produtivos nos nossos objetivos. Serão por isso as plantas, sempre um trago de otimismo, esperança e ânimo mas, principalmente um meio de nos conectar com o mundo natural e com nós mesmos.
Sofia Nico
Terrárea
